Jovem artista de Itabaiana/SE fala sobre o corpo nu como obra de arte

Por setembro 21, 2018 0 comentários

O blogueiro curioso, deixou a redação por dia, e, foi entrevistar o artista Emerson, de apenas 21 anos, residente da famosa cidade de Itabaiana/SE, alguns meros kms da capital Aracaju. O jovem amante da arte, é graduando pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), em Letras Inglês, e, declarou ser apaixonado por literatura e música popular brasileira. Em tempos livres, ele trabalha com a fotografia visando o nu artístico.

Acompanhe na íntegra como foi o nosso bate-papo:

Reprodução/Instagram: @In_oureyes


(J) Como começou o seu contato com a arte fotográfica?

Bom... Primeiramente, gostaria de dizer obrigado pelo seu interesse, Matheus, em saber um pouco a respeito do meu trabalho.

Então, desde criança que eu sempre tive contato com a arte. Seja através da música, danças em apresentações de atividades escolares e com a capoeira, um esporte o qual eu pratiquei alguns meses durante o meu ensino médio.
Eu acredito que de alguma forma esse conjunto de elementos e setores somaram para com a minha visão e interesse com a arte em geral, tendo maior afinidade com a fotografia. No tocante dela, despertei o interesse através da cantora brasileira, Ana Carolina, através do seu livro Ruído Branco, um exemplar que atrelaça fotos, alguns trechos de poesias e rabiscos de músicas que fizeram parte da construção da carreira quanto cantora. Depois disso, comecei a pesquisar e participar de extensões na faculdade, que trabalhassem o tema da fotografia, como técnicas, questões de luz, perspectivas e afins. E então foi assim que segui rumo em horas livres com a fotografia.

(J) Vi muitas fotos suas com um cenário mais rústico, como o sertão. É uma característica de sua arte?

As fotos no sertão de Canindé de São Francisco ocorreram em uma viagem pessoal, a qual eu realizei há alguns meses. Quando eu avistei aquele cenário, logo pensei: "Emerson, você precisa fazer parte disso."

Eu concebo a fotografia como a forma mais pura e excitante de registrar momentos que são desfrutados. Seja em uma mata, no sertão, numa festa, em um parque, ou até mesmo no quarto. Logo, esse aspecto questionado não vai se encontrar presente em todas as minhas fotos, mas digamos que foi uma faceta (cenário), a qual eu explorei diante da câmera em meio a tantas outras que a fotografia nu artística pode proporcionar, a exemplo da técnica Shibari.

Reprodução/Instagram: @In_oureyes


(J) É interessante como atualmente está em voga a tematização do corpo e da performance. Seja o corpo em movimento, seja o corpo transformado. O corpo tatuado, com objetos inseridos e tal. Você se espelhou em algum artista em específico? Como é o seu processo de produção fotográfica? E quem lhe auxilia?

Sim sim, Matheus!
Realmente é muito interessante esse processo de (trans)formação no corpo.
Penso que as marcas e expressões espalhadas no corpo são o reflexo de uma alma social e inidvidual.
No que diz respeito a minha influência artística da nudez, ela é oriunda da plataforma Instagram. Como por exemplo, as seguintes páginas:

@olhardepaulina
@themanpr0ject
@human.edge
@hiphipturra
@chico.castro
@pr0ject_soul
@projetonuance
@projetoindividual

Nossa! Poderia citar vários outros perfis que de alguma forma me inspiram e apresentam tantas maneiras de se trabalhar a fotografia pautada no nu artístico. São páginas diferentes. Umas usam cores mais alegres no trabalho com os modelos, outras partem para a valorização do corpo, ou ainda aquelas que utilizam cores mais frias para criar um cenário mais conectado com a alma. Nossa! É muita coisa (risos). 
Bom... O meu processo fotográfico é um pouco demorado. Geralmente, eu penso em um local para ser trabalhado e quando é escolhido, fico bolando várias ideias na cabeça que possam formar um trabalho legal. Como por exemplo, posições, adereços, iluminação, tonalidafes etc. Escolhido o local, recorro ao meu companheiro para me ajudar com as fotos, ou algum amigo próximo.
E então "páh, mãos a obra".

Reprodução/Instagram: @In_oureyes

(J) Emerson, há limites para a arte?

Acredito que quando você a utiliza de forma positiva e que de alguma forma desperte um brilho no olhar de um seguidor ou admirador, sempre é gratificante e não há limites.

(J) Recentemente houve a discussão sobre a erotização em artes, ocasionando uma série de questionamentos acerca do que não é considerado arte. Então, eu lhe pergunto: o que não é arte?

É muito relativa essa pergunta. Penso que não existe uma receita de bolo para separar e ditar o que é ou não arte. Porém, basta questionar qual "o porquê" da existência de algum objeto, seja ele um carro, uma dança, uma música, uma roupa, ou coisas afins, e você poderá se questionar se é ou não uma arte para ti.

Reprodução/Instagram: @In_oureyes

(J) Qual a sua experiência com a fotografia? Você já participou de algum evento/concurso?

Bom... Eu sempre fui amante da fotografia. Olhava para aqueles inúmeros quadros que são vendidos nessas lojas juvenis e logo pensava:
"Quero esse".
"Quero aquele".
Ou então, olhava vários ensaios artísticos e logo sonhava em fazer parte de algum.
Porém, somente há poucos meses que de fato eu venho estudando e trabalhando com mais seriedade nesse aspecto.
A UFS me proporcionou alguns encontros, extensões e atividades que de alguma forma envolveram a fotografia. Somado a isso, eu venho procurando novas ideias e trabalhos em plataformas online para me aperfeiçoar.

(J) Vimos o descaso com a arte literária e documental no país refletido na destruição do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Aqui em Sergipe, se os nossos governantes não se atentarem, não será diferente, por exemplo, com o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, uma instituição centenária que preserva e guarda a memória sergipana. Qual a sua visão acerca desta problemática?

O fato é lamentável e preocupante, uma vez que a cultura artística está cada vez mais sendo apagada.
As pessoas estão acuadas e se limitando, como por exemplo, em uma roda de amigos eu sugeri para alguns colegas a ideia em participar junto comigo nas fotos, e infelizmente ouvi alguns dos seguintes comentários:

1. O que as pessoas irão pensar sobre mim?
2. A fotografia é apenas uma selfie, não precisa de mais detalhes.
3. Isso não vai mudar na sociedade e nem na mina vida.

Enfim, a própria sociedade indiretamente está favorecendo que as atividades artísticas sejam cada vez menos acessadas e trabalhadas.
Hoje em dia, poucos colégios apresentam iniciativas para a dança, música, fotografia, e outras áreas, que de alguma forma estão atreladas ao Museu e ao Instituto. 
A arte é criticidade! Ela deve ser mantida e trabalhada.


(J) Há, atualmente diversas formas de apreciação e preservação da arte, como por exemplo as redes sociais, nas quais podemos postar e guardar nosso acervo virtualmente. No entanto, a tecnologia digital têm seus pontos negativos. Você concorda?

Sim! Se levarmos para a análise os perfis que trabalham com o nu, será perceptível a gama de problemas que eles enfrentam.
Críticas negativas, denúncias das páginas e blogs, perseguição nos perfis pessoais dos modelos trabalhados, assédio enviando nudes, entre outros aspectos, são pontos que demonstram o quanto as pessoas fazendo uso dos portais midiáticos podem atuar de forma negativa.
Reprodução/Instagram: @In_oureyes

(J) A arte é uma forma de expressão do ser humano, em que nós podemos refletir/conhecer/analisar/criticar acerca de tudo em nossa volta, inclusive sobre nós mesmos. Além disto, qual a maior importância da arte na sua vida?
A arte, puxando a ponte para a fotografia, apresenta-me novos mundos, ideais e pensamentos.
Quando eu estou diante da câmera, eu me sinto vivo, realizado e repleto de alegria e sintonia para com o mundo.
É algo impressionante! Ela proporciona inúmeras realidades e me apresenta "vários Emerson" nas diferentes fotos, ângulos e tonalidades.
Quando eu olho para a foto, nunca me enxergo sendo o mesmo que fui antes de ontem.
Tudo é mudança no decorrer dos cliques.

(J) E como você avalia a arte sergipana?

A arte sergipana é magnífica! Porém, pouco reconhecida.
Se partirmos para o lado da literatura? Nossa! E quanto às músicas? E às lendas? E às tradições?
Existe muita coisa para ser explorada e argumentada. 
Quando se refere à preservação e aos incentivos locais, afirmo o alto grau de importância que os espaços de manutenção da arte sergipana exercem. Como por exemplo, o Museu da gente Sergipana, um local que guarda a cultura e a memória histórica local e que de alguma forma incentiva as pessoas no trabalho com as artes.

(J) Muito grato pela aceitação desta, agora, gosto de finalizar com um breve ping pong:

Fotografia é... Reflexo;
Um filme preferido... As vantagens de ser invisível;
Uma memória inesquecível... Curitiba;
Um nome... Bernado;
Amor sem sexo... "É amizade" (Rita Lee);
Maior Sonho... Fazer uma exposição com o meu trabalho;
A vida sem arte... É uma pedra;
O que mais detesta? Arrogância;
No hora H... Xi.. É segredo!;
Livro de cabeceira... Ninguém me ensinou a morrer - Mike Sullivan. 


Gostou da entrevista? Compartilhe e comente. Para conhecer mais sobre o trabalho de Emerson, siga-o através do instagram @in_oureyes.


Jotta Matheus

O autor

Há quatro anos na coluna social, abordando e denunciando fatos e atos da sociedade, Jotta tem sua trajetória marcada pela atuação em rádio, onde se qualificou e aprimorou ainda mais os seus talentos na comunicação. Sua paixão pelo blog se emanou depois de ser, pela 1ª vez, entrevistado por Dafnne Victoriah, jornalista e colunista da Amanhecer FM. Alegre e espontâneo, com ele a falsidade e as molduras da mentira, não têm vez!

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