Dafnne Victoriah fala de sua luta para realizar cirurgia de "mudança de sexo"

Por julho 24, 2018 0 comentários
A expert e badalada jornalista e professora Dafnne Victoriah, solteira, transexual canindeense e dona de uma alegria ímpar, abriou o jogo para o blogueiro curioso e contou tudo sobre a sua luta para conseguir a cirurgia de redesignação de sexo (termo correto para este tipo de procedimento cirúrgico, já que não é possível mudar o sexo do ser humano de forma integral, apenas é feita uma reconstrução sexual no paciente). Acompanhe tudo na íntegra:


Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal).



(J) Conte-nos quando você iniciou o tratamento para a cirurgia de redesignação sexual.

(DV) Minha luta por minha verdadeira identidade iniciou há 35 anos, mas só em 2015, depois de muita labuta, lágrimas e algum desespero iniciei o tratamento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre para a realização da tão sonhada e esperada cirurgia de redesignação sexual.
Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal).

(J) Dafnne, você sempre quis fazer a cirurgia de redesignação sexual? Alguma influência?

(DV) Sempre me percebi mulher, inquieta e muito questionadora. Entretanto, a cirurgia não vai me deixar mais mulher do que as mulheres cis, mesmo porque ser mulher está na minha essência, é inerente a mim. A cirurgia é uma consequência da minha luta. E por isso venho há muitos anos buscando a adequação sexual. A cirurgia no momento é o maior sonho da minha vida. Sempre quis me tocar, me olhar no espelho e não ver entre as pernas algo que não condiz com minha identidade, com minha essência.

(J) Em algum momento você pensou em desistir desta árdua e contínua luta pela sua realização pessoal? 

Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal).
(DV) Não, nunca, porque a vontade de vencer, de me sentir feliz e plenamente realizada vai além das lutas e obstáculos da caminhada.

Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal).
(J) Dafnne, você tem ciência de que, mesmo com a conclusão da cirurgia, o preconceito ainda será existente, inclusive vemos o preconceito se alastrar nos programas de governo de um político famosinho. Você está preparada para enfrentar esta problemática social?

(DV) A realização da cirurgia será uma grande revolução na minha vida, não na vida das pessoas. Infelizmente não posso mudar o pensamento de ninguém, mas tenho convicção da minha luta por um mundo melhor, mais justo e igualitário.

(J) Acompanhei algumas entrevistas com homens que fizeram o procedimento cirúrgico e percebi que o grande medo da maioria era perder o prazer na hora do sexo. Você também tem este sentimento? Mito ou verdade?

(DV) Antes de iniciar o tratamento tinha muito medo, receio de me submeter a cirurgia, mas esse medo deu lugar a esperança e ao desejo de me sentir feliz, plena e realizada. Quanto a questão do prazer, não é mito, é real. Sentir prazer é muito peculiar, depende de cada pessoa, é muito íntimo, é psicológico.
Sei perfeitamente dos pós e contra do procedimento, mas busco ter um olhar positivo, acreditando que tudo vai dar certo.

(J) Como é a sua relação com o banheiro feminino?

(DV) Normal, não tenho problema quanto a isso, mesmo porque já ratifiquei meu nome judicialmente. Mas isso nunca foi problema na época em que estudei a UFS e a Unit. Sempre fui respeitada e tive meus direitos garantidos nas duas instituições que frequentei.
Então, perante a lei sou de fato uma mulher.

Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal).
(J) Um grande tabu religioso é que os gays não podem ter conexão com o cristianismo, pois o ato homoafetivo é considerado uma abominação aos olhos de Deus. Conte-nos um pouco da sua religião...

(DV) Minha família sempre foi católica e eu frequentei durante anos a igreja católica. Com o passar do tempo me encantei e fui acalentada com a doutrina espírita no auge de uma depressão, na busca constante por perguntas que até o momento não havia encontrado resposta. Desde então, tenho buscado a cada dia ser uma pessoa melhor, mais humana, a serviço do próximo, seguindo os princípios de Alan Kardec.

(J) Você quer ser mãe?

(DV) Eu só serei uma mulher plenamente feliz e realizada no dia em que for mãe, no dia em que tiver a honra, a lisonja e o privilégio de acalentar um filho no meu colo. Depois da cirurgia, ser mãe é o meu maior objetivo.

(J) Como você tem feito para viabilizar as despesas com o tratamento pré-cirúrgico? E onde está fazendo-o?

Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal).
(DV) O tratamento está sendo realizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com consultas, exames e uma equipe multidisciplinar que faz meu acompanhamento mensalmente. Como o tratamento é dispendioso e do governo recebo apenas as passagens e uma ajuda de custo de 24 reais e alguns centavos por diaria, tenho feito de tudo, absolutamente para continuar custeando as despesas com o tratamento, como bingo, rifa, bazar.

(J) Agradecemos a sua confiança no blog e por ser parceria forte na comunicação social do Estado. Para finalizarmos com chave de ouro:  deixe-nos sua melhor mensagem de motivação para os que sofrem com a opressão social emada do preconceito homossexual. 

(DV) A minha mensagem é que possamos seguir sempre de cabeça erguida, lembrando que Deus está sempre no comando e que só com amor venceremos.


Veja também:

'Agora de fato eu sou uma mulher', diz Transexual de Canindé de São Francisco/SE após nova identidade  

Tiro certo : Entrevista exclusiva com uma das grandes radialistas de Canindé/SE

Você também pode ajudar Dafnne Victoriah doando a sua colaboração, através do (79) 9 99573339.



Jotta Matheus

O autor

Há quatro anos na coluna social, abordando e denunciando fatos e atos da sociedade, Jotta tem sua trajetória marcada pela atuação em rádio, onde se qualificou e aprimorou ainda mais os seus talentos na comunicação. Sua paixão pelo blog se emanou depois de ser, pela 1ª vez, entrevistado por Dafnne Victoriah, jornalista e colunista da Amanhecer FM. Alegre e espontâneo, com ele a falsidade e as molduras da mentira, não têm vez!

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