A expert e badalada jornalista e professora Dafnne Victoriah, solteira, transexual canindeense e dona de uma alegria ímpar, abriou o jogo para o blogueiro curioso e contou tudo sobre a sua luta para conseguir a cirurgia de redesignação de sexo (termo correto para este tipo de procedimento cirúrgico, já que não é possível mudar o sexo do ser humano de forma integral, apenas é feita uma reconstrução sexual no paciente). Acompanhe tudo na íntegra:
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Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal). |
(J) Conte-nos quando você iniciou o tratamento para a cirurgia de redesignação sexual.
(DV) Minha luta por minha verdadeira identidade iniciou há 35 anos, mas só em 2015, depois de muita labuta, lágrimas e algum desespero iniciei o tratamento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre para a realização da tão sonhada e esperada cirurgia de redesignação sexual.
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Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal). |
(J) Dafnne, você sempre quis fazer a cirurgia de redesignação sexual? Alguma influência?
(DV) Sempre me percebi mulher, inquieta e muito questionadora. Entretanto, a cirurgia não vai me deixar mais mulher do que as mulheres cis, mesmo porque ser mulher está na minha essência, é inerente a mim. A cirurgia é uma consequência da minha luta. E por isso venho há muitos anos buscando a adequação sexual. A cirurgia no momento é o maior sonho da minha vida. Sempre quis me tocar, me olhar no espelho e não ver entre as pernas algo que não condiz com minha identidade, com minha essência.
(J) Em algum momento você pensou em desistir desta árdua e contínua luta pela sua realização pessoal?
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Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal). |
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Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal). |
(DV) A realização da cirurgia será uma grande revolução na minha vida, não na vida das pessoas. Infelizmente não posso mudar o pensamento de ninguém, mas tenho convicção da minha luta por um mundo melhor, mais justo e igualitário.
(J) Acompanhei algumas entrevistas com homens que fizeram o procedimento cirúrgico e percebi que o grande medo da maioria era perder o prazer na hora do sexo. Você também tem este sentimento? Mito ou verdade?
(DV) Antes de iniciar o tratamento tinha muito medo, receio de me submeter a cirurgia, mas esse medo deu lugar a esperança e ao desejo de me sentir feliz, plena e realizada. Quanto a questão do prazer, não é mito, é real. Sentir prazer é muito peculiar, depende de cada pessoa, é muito íntimo, é psicológico.
Sei perfeitamente dos pós e contra do procedimento, mas busco ter um olhar positivo, acreditando que tudo vai dar certo.
(J) Como é a sua relação com o banheiro feminino?
(DV) Normal, não tenho problema quanto a isso, mesmo porque já ratifiquei meu nome judicialmente. Mas isso nunca foi problema na época em que estudei a UFS e a Unit. Sempre fui respeitada e tive meus direitos garantidos nas duas instituições que frequentei.
Então, perante a lei sou de fato uma mulher.
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Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal). |
(DV) Minha família sempre foi católica e eu frequentei durante anos a igreja católica. Com o passar do tempo me encantei e fui acalentada com a doutrina espírita no auge de uma depressão, na busca constante por perguntas que até o momento não havia encontrado resposta. Desde então, tenho buscado a cada dia ser uma pessoa melhor, mais humana, a serviço do próximo, seguindo os princípios de Alan Kardec.
(J) Você quer ser mãe?
(DV) Eu só serei uma mulher plenamente feliz e realizada no dia em que for mãe, no dia em que tiver a honra, a lisonja e o privilégio de acalentar um filho no meu colo. Depois da cirurgia, ser mãe é o meu maior objetivo.
(J) Como você tem feito para viabilizar as despesas com o tratamento pré-cirúrgico? E onde está fazendo-o?
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Dafnne Victoriah (Foto: Acervo Pessoal). |
(DV) O tratamento está sendo realizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com consultas, exames e uma equipe multidisciplinar que faz meu acompanhamento mensalmente. Como o tratamento é dispendioso e do governo recebo apenas as passagens e uma ajuda de custo de 24 reais e alguns centavos por diaria, tenho feito de tudo, absolutamente para continuar custeando as despesas com o tratamento, como bingo, rifa, bazar.
(J) Agradecemos a sua confiança no blog e por ser parceria forte na comunicação social do Estado. Para finalizarmos com chave de ouro: deixe-nos sua melhor mensagem de motivação para os que sofrem com a opressão social emada do preconceito homossexual.
(DV) A minha mensagem é que possamos seguir sempre de cabeça erguida, lembrando que Deus está sempre no comando e que só com amor venceremos.
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